Aqui vou colocar os poemas que escolhi no âmbito de Lingua Portuguesa.
Lágrima de Preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
António Gedeão
_______________
Negra
A negra para tudo
a negra para todos
a para capinar plantar
regar
colher carregar empilhar no paiol
ensacar
lavar passar remendar costurar cozinhar
rachar lenha
Limpar a bunda dos nhozinhos
trepar.
A negra para tudo
nada que não seja tudo tudo tudo
até ao minuto de
(único trabalho para seu proveito exclusivo)
morrer.
Carlos Drummond de Andrade
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4 comentários:
Dois poemas bonitos - curiosamente com o mesmo tema!, o que te facilitaria a vida ;)
* Falta, como é bom de ver:
1º 1 Poema
2º O tema e o comentário a cada um deles.
Vamos lá completar a tarefa.
Força!
Olá... Concordo com o stôr quando ele diz que te faltam aqui algumas coisas, mas pronto.
Em relação aos teus poemas são muito giros, principalmente o 2º poema acho que esse poema é muito bonito, um bocado confuso também, mas muito bonito... E a mim fez-me lembrar um bocadinho a história de antigamente, quando pessoas negras eram mortas com um chicote e desculpa-me a expressão, eram tratadas abaixo de cão...É verdade, antes era assim que as coisas funcionavam, não é cerdade stôr de História???
Muitos parabéns.
O primeiro poema é um com os quais inicio as aulas de FQ. Tive pena de nunca o ter feito desde que aqui cheguei. Gostei
Desejos de boas férias.
:-)
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